Coleção «Aranha Antonieta», de Vanessa Namora Caeiro
As peripécias de uma aranha aventureira com muito para nos ensinar.
Têm pavor de aranhas? Se vos perturba encontrar estes pequenos seres peludos, de oito patas e oito olhos, a coleção «Aranha Antonieta» vai ajudar-vos a enfrentar esse medo.
Recomendado para 4+
Quem diria que os aracnídeos faziam mais do que construir teias e tinham outros interesses além de nos assustarem quando aparecem, sem serem convidados, nas nossas casas?
Segundo a autora e ilustradora Vanessa Namora Caeiro, há aranhas que fogem à norma. Dentro delas, cresce uma vontade enorme de fazer algo mais nas suas breves vidas do que ficar à espera que as moscas caiam na armadilha.
Afinal, como ficamos a saber pelo primeiro volume da coleção, A Aranha Antonieta e o AEIOU, há aranhas com sede de aventura e coragem de conhecer novos lugares. Antonieta deixa-nos desconfortáveis com a sua aparência, admito, mas assustar-nos ou morder-nos (ou até mesmo fazer pontaria à nossa boca quando estamos a dormir) não está nos seus planos. O que a aranha Antonieta realmente quer é fazer amigos e mostrar-nos que, com bravura e perseverança, podemos sair da zona de conforto. O desconhecido não é algo que devamos temer, pois permite-nos entrar em contacto com outras realidades e aprender coisas novas.
Em A Aranha Antonieta e o AEIOU, Antonieta decide passear pela sua Aldeia das Árvores Amarelas, onde «tudo o que lá existe começa com a letra A». Enquanto explora e cumprimenta os amigos animais, algo estranho acontece. Posso dizer-vos que a aventura começa com um arroto «exuberante e estridente», mas não terão de se esforçar muito para pôr as nojices de parte e chegar, em segurança, ao Vale das Vogais.
A valentia e a curiosidade desta aranha levam-na mais longe, em A Aranha Antonieta e o 1, 2, 3. De partida para a cidade dos Números, com uma bicicleta emprestada pelos amigos e «uma mala mágica cheia de surpresas improváveis», a nossa aranha segue em busca dos números de 1 a 10. Quando consegue chegar ao fim da cidade, escapando de vários perigos, é confrontada com um grande mistério: onde está o número 10? Nem vão acreditar onde é que ele se escondia!
De regresso a casa, em A Aranha Antonieta e as Formas, há uma festa de aranhas para organizar. Antonieta põe «patas à obra» na confeção de um bolo (não é um bolo de moscas, como poderíamos pensar) quando surge um pequeno contratempo. Um ataque de espirros veio atrapalhar os planos. De cada vez que espirra, Antonieta transforma-se em formas geométricas (um hexágono de atchins, uma aranha-triângulo), um verdadeiro pesadelo. Como é que a nossa aranha resolve este problema? A solução está na Floresta Geométrica.
Resolvido o assunto dos espirros incomodativos, a aranha Antonieta e o primo Arthur aguardam ansiosamente o Natal, em A Aranha Antonieta e o Sr. Natal, quando ouvem um barulho ensurdecedor. Como muito bem sabemos, um barulho, ainda por cima ensurdecedor, nunca augura nada de bom. Eu evitaria ver o que era, mas Antonieta é destemida e foi investigar. Era apenas o Sr. Natal — que alívio! —, mas ele tinha batido com a cabeça e estava com amnésia. Este berbicacho vai fazer-nos percorrer as tradições natalícias para ver se conseguimos que recupere a memória.
Do Natal para o Halloween, foi um pulinho na aldeia das Árvores Amarelas. No escuro, numa noite de lua cheia, a aranha Antonieta pensava em novos e estrondosos sustos para pôr em prática no Halloween, em A Aranha Antonieta e o Halloween! Enquanto magicava o que fazer, um morceguito veio ao seu encontro. Precisava de ajuda, pois no mundo das Sombras Sombrias Assombradas reinava uma grande tristeza. As criaturas sinistras choravam e diziam que ninguém as queria no Halloween. Neste último volume da coleção, Antonieta vai tentar novamente salvar o dia. Há muita fungadela, muita choradeira, e é o dia mais arrepiante do ano. Não sei se têm estofo para aguentar esta leitura. A Antonieta, porém, «nunca vira as costas a uma aventura inesperada».
A coleção «Aranha Antonieta», escrita e ilustrada por Vanessa Namora Caeiro, é publicada pela editora Booksmile, da Penguin Random House. Aborda os temas de forma simples, visual e imaginativa. As ilustrações divertidas e cheias de cor, aliadas ao conteúdo pedagógico, fazem desta coleção uma boa ferramenta para o contexto de sala de aula do pré-escolar.
Todos os volumes incluem, também, uma secção final com atividades didáticas, desenvolvidas pela professora Sandrina Esteves (do Instituto Superior de Educação e Ciências de Lisboa), que estimulam e despertam os mais novos para os temas abordados.
Se, entretanto, já tiverem perdido o medo de aranhas, espreitem o «fantoche de dedo mais aranhatástico de sempre» aqui. Vale a pena. Nem que seja para assustar quem ainda foge a sete pés de encontros com aracnídeos. Depois, contem-me como foi.
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Marta Nazaré
Marta Nazaré, nascida em Lisboa, a 5 de março de 1981, é formada em Letras e Tradução de Inglês. Dedica-se a tempo inteiro à tradução de livros infantojuvenis e à legendagem de filmes e séries.
Descobriu o terror em tenra idade na papelaria do bairro que vendia a coleção «Arrepios», de R. L. Stine. Ainda hoje, o terror infantojuvenil é o seu género preferido.