«Pai, os Animais Também Dão Puns?», de Ilan Brenman

A história divertida de um pai que tenta responder às perguntas inusitadas da filha.

Certo dia, Laura, uma criança curiosa, foi assaltada por uma dúvida realmente bicuda. «Pai, os animais também dão puns?» Com paciência e imaginação, o pai esforça-se por explicar-lhe, embora sem grandes certezas, quais os animais que libertam gases.



Marta Nazaré

Recomendado para 4+

À medida que as crianças crescem, aumenta também a sua curiosidade. Nós, os adultos, nem sempre estamos preparados para esclarecer todas as dúvidas dos mais pequenos, e os puns estão na categoria dos temas complicados, mas inevitáveis. A qualquer momento, podemos ser chamados a esclarecer as ventosidades, ruidosas ou não, expelidas pelos nossos rabiosques, mas, quando as nossas crianças querem saber também das flatulências de outros animais, a coisa complica-se.

Tanto quanto o pai de Laura sabe, há animais que não podem dar puns. Segundo a lógica, a borboleta tem um organismo tão delicado que, claramente, não foi pensado para funções tão intensas, caso contrário «desfazia-se em mil pedaços». Mas será que os puns ajudam as minhocas a digerir a terra que comem ou as pulgas a saltar mais alto?

Se os dinossauros davam puns ou não, já é uma questão mais complexa — precisávamos de uma máquina do tempo para deslindar o mistério —, mas o pai de Laura tem uma resposta coerente na ponta da língua. Já imagino os puns do Tyrannosaurus rex, o predador mais temível da História, a provocarem avalanches catastróficas e grandes tremores de terra. Se os cientistas viessem um dia a concluir que foram os gases a provocar a extinção dos dinossauros, acreditaria piamente nisso.

As campeãs dos traques são, ao contrário do que possamos pensar, as vacas e as ovelhas. Mesmo que os humanos comessem muita feijoada, nunca chegariam aos calcanhares destas duas espécies em matéria de «bufas». A libertação de gases é tanta que, sem quererem, estão a contribuir para aumentar o efeito de estufa, explica o pai de Laura, embora seja uma contribuição muito reduzida.

E o efeito de estufa leva-nos a outra questão importante: o aquecimento global. Os glaciares derretem, também, devido aos puns, refere a filha, tendo ouvido a professora a explicar esta matéria na escola. Contudo, a culpa deste degelo é da poluição que lançamos na atmosfera todos os dias, e as flatulências não são as únicas culpadas, explica o pai. Mas não se aflijam. A concentração de metano nos puns de animais e de humanos é demasiado baixa para ter um impacto significativo no aquecimento global. Não temos de entrar em regime de contenção.


Através de uma abordagem simples que alia o factual ao cómico, o escritor e psicólogo Ilan Brenman fornece-nos ferramentas para lidarmos com esta situação difícil: a de explicar os puns dos animais às crianças. E as suas dicas úteis conseguem até arrancar-nos algumas gargalhadas.


Escrito por Ilan Brenman — um dos autores infantojuvenis mais premiados do Brasil — e ilustrado por Ionit Zilberman, Pai, os Animais Também Dão Puns? é publicado em Portugal pela Booksmile, do grupo Penguin Random House. É um bom auxiliar para os pais que atravessam neste momento a intimidante fase das perguntas constrangedoras. No entanto, é necessário fazer mais pesquisas para aprofundar os assuntos mencionados no livro. Este é apenas um ponto de partida.

No fundo, a pequena Laura só pergunta o que todos gostaríamos de saber, mas, como adultos, temos demasiada vergonha de perguntar.