Videojogos – Opinião sobre «Ashes»

Um videojogo português casual desenvolvido pelos WindLimit Studios.

Lançado em 2018, Ashes era o segundo jogo desenvolvido pelos WindLimit Studios e prometia uma boa atmosfera, misturando ação e aventura com uma pitadinha de terror.

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Martina Mendes

A nossa personagem, um antigo carrasco, acorda numa masmorra deteriorada pelo tempo. Como ali chegou, não tem a certeza, apenas sabe que está a cumprir pena pelos pecados que cometeu. A missão: sair dali (é sempre assim, não é?) e regressar à mulher, Maria, e à filha, Aya.


A única forma de o fazer é atravessar o labirinto em que aquele lugar se tornou e encontrar a luz. Literalmente. Afinal, o que é que um solinho significaria? A liberdade, óbvio. Para isso, entre puzzles e esqueletos com olhos brilhantes roxos/rosa/uma cor que não consigo nomear, o nosso carrasco atravessa o mapa para que, finalmente, possa juntar-se à sua família — o que ele nos relembra constantemente, demasiadas vezes… tantas que, apesar do clichê da história, começamos a antecipar as falas e, voilá, acertamos.

Vou ser honesta, não adoro clichês, mas a verdade é que funcionam. Mas só funcionam, e isto é um grande «mas», quando existe algo de novo. Esteja esse elemento novo na história, no ambiente, na forma como criam os monstros ou no modo como a música se alia ao sentimento da personagem, e que, por si só, nos afeta. Ashes, infelizmente, ficou aquém.

Achei que a voz do ator que fazia de carrasco era ótima. No entanto, o facto de não me terem conseguido causar empatia pela personagem (claro que é difícil, não discordo; e sobre os budgets nem se fala, eu sei) tornou a história vazia. Tinham fruta, mas sumo não houve… Nem todos os jogos podem ser um Last of Us, claro que não. No entanto, se pensarmos bem no assunto, se não fosse a qualidade de criar empatia com o jogador, seria só mais um clichê. Um que se esqueceria facilmente.

Aqui, se não fosse pela narração — que, devo dizer, nem sempre tinha o timing certo —, seria apenas um jogo casual, em que o objetivo era passar o tempo, por não termos mais nada para fazer. Não tenho nada contra esse tipo de jogos, e os estúdios WindLimit categorizam o jogo como casual, mas… É um jogo de uma hora que não mudará quando o recomeçares.

Talvez esteja a ser demasiado ríspida. Provavelmente, estou. Mas, para mim, a história e a forma como é contada é o sumo de qualquer jogo. Afinal, o que é que torna um jogo diferente de outro? O que me leva à questão: o que é que este jogo tem de diferente dos outros? Como é que ele se destaca?

Porque a verdade tem de ser dita. Jogar um jogo com uma boa história, mas com maus gráficos? Caguei! Ia ficar interessada em terminá-lo mesmo que o PC não aguentasse o jogo. Afinal, sou a tipa que jogou Assassins Creed – Black Flag com o jogo a crashar. E terminei-o. Foi difícil? Foooooi! Mas valeu a pena.

No caso de Ashes, contudo (apesar de os gráficos serem bons, além da voz e do mapa e dos puzzles, mesmo que simples), a história não elevou o jogo.

Mas vamos às partes boas: o ambiente e os gráficos são bons, assim como a aliança à música e aos sons de partir os objetos e matar os esqueletos, mesmo que não saibam o porquê de estarem a partir as esferas flutuantes. Talvez para criar uma espécie de gaming ASMR (provavelmente existe).

Logo que acordamos na masmorra, o carrasco pode apanhar a «arma» no chão: um osso. Porém, durante o jogo, podemos trocar e comparar as mesmas entre dano, velocidade e alcance. Noutros jogos, verão que as armas têm um nível. Em Ashes, não. A forma de comparação é com um igual, um mais e um menos, o que é funcional e combina bem com o jogo. No meu caso, a que tinha maior dano e maior velocidade foi a escolhida.

O tutorial do jogo é apresentado à medida que avançamos de forma fácil e sem bloquear a hipótese de continuarmos a jogar, enquanto a informação aparece. Adoro tutoriais que são assim. A informação não desaparece rapidamente e a simplicidade das instruções dadas são mais do que suficientes.

A tradução, uma vez que as vozes estão em inglês, está muito bem feita. Ocupa, no entanto, demasiado espaço de ecrã. As legendas são realmente monstruosas e, uma vez que a narração do jogo é feita de forma pausada, não havia a necessidade de serem tão grandes.

Os puzzles e o mapa são fáceis de seguir e de descodificar, fazendo com o que o jogo não se torne irritante quando não conseguimos entender o que fazer.


Se olharmos para os elementos por si só, Ashes tem muitos aspetos positivos. O único aspeto negativo é a ligação história-jogador. «Só» por causa disso, o jogo falha.


Atenção, esta é a minha opinião! Deem sempre o benefício da dúvida a qualquer jogo.

Ashes pode ser adquirido na Steam.

Para verem o meu gameplay, podem entrar aqui.