«Watcher» (2022)

Vamos falar sobre a história de Julia, uma norte-americana que se muda para Bucareste com o marido de ascendência romena por motivos profissionais do mesmo.

Sozinha grande parte do dia num país estranho com uma língua que não domina, depara-se a Julia a presença constante de um homem que parece fitá-la de uma janela no prédio vizinho, enquanto um assassino em série aterroriza a cidade e os seus habitantes.

Maria Varanda

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Bem-vindos a mais uma Sessão da Noite. 

Tem tudo? Os aperitivos, a bebida, uma mantinha?

Sente-se, ponha-se confortável. 

Silencie todas as distrações. 

Apague as luzes.

Preparado? 

 

Atenção! Este texto contém spoilers!

O filme da sessão de hoje é Watcher, de 2022, com a direção de Chloe Okuno e o protagonismo de Maika Monroe, considerado pela revista Variety como um dos melhores filmes de terror de 2022. Confesso que, apesar de 2022 ainda não ter acabado, as probabilidades de Watcher sair da minha lista de melhores filmes deste ano é tão pequenina que se torna imensurável.

O espectador é imediatamente levado a sentir-se conectado à personagem principal; afinal, Julia mudou-se para um país que desconhece, onde apenas o marido tinha perspetivas claras de emprego. Claramente altruísta, não é? Uma mulher apaixonada faz tudo. Eu cá acho que a Julia devia ter pedido o divórcio antes de entrar no avião, mas isso sou só eu.

A trama do filme é para lá de bem-sucedida em deixar o espectador a roer as unhas, sentado na beira do sofá, bem agarrado à almofada enquanto segue Julia na sua luta para provar ao marido, à polícia e aos que demais a rodeiam de que está, de facto, a ser perseguida pelo vizinho do prédio do lado. Como se não bastasse estar num país estranho, onde não conhece ninguém, com o marido ausente muitas horas, Julia não consegue uma alma que a compreenda e a acompanhe no seu sofrimento. Bem, à exceção da vizinha, mas isso foi sol de pouca dura.

A reviravolta é doce e amarga. Suspeitamos o tempo todo, mas não deixamos de ficar surpresos; e mesmo sabendo que Julia corre verdadeiro perigo, a sensação de saber que a mulher injustiçada teve razão o tempo todo dá vontade de lhe prestar uma ovação. Mas não há tempo para isso. Foge, Julia, foge!

O final é o clímax ideal, se conseguir ignorar a pouca credibilidade que o envolve: duvido que, depois daquilo tudo, a nossa protagonista ainda se levantasse. Isso e o facto de que o marido frio e incompreensivo sobrevive ao filme — o que para mim é uma pena. Faltou-me a justiça mesquinha, mas bem, há que agradar a quem gosta de finais felizes, não é? Se é que podemos chamar ao final do filme «feliz».

Pondo os pontos menos positivos de parte, que serão, sem sombra de dúvida, confirmados ou negados mediante os olhos do espectador, Watcher é uma escolha acertada para mais uma Sessão da Noite.

Bons sustos!