Cinema Português em força no Fantasporto 2024

Conhece aqui os filmes portugueses selecionados.

O Festival Internacional de Cinema do Porto decorre de 1 a 10 de março no Batalha Centro de Cinema.

Em comunicado de imprensa, o Fantasporto revelou os filmes portugueses selecionados para a 44.ª edição do festival. Podes consultar o programa completo do festival aqui.


As longas-metragens: duas boas surpresas

Best Cop Ever, de João Bruno

Se há filme surpreendente no cinema português, é este. Feito com óbvio sentido do que é o cinema, o filme é uma produção extremamente ambiciosa, feita sem apoio financeiro, ao longo de 3 anos em que o realizador João Bruno assume a maioria dos aspetos criativos e de imagem, nomeadamente a realização, escrita de argumentos, VFX, efeitos especiais, prop making e concept art, assim como a interpretação do papel principal. Segundo o realizador, o filme é falado em inglês (com legendas em português) «apenas por escolha artística, para adicionar à atmosfera quase etérea, distante e alienante do filme». Foi filmado em vários locais de Portugal, sendo todos os membros da equipa portugueses (do Norte e sobretudo do Porto). É a primeira longa-metragem do realizador.


Carne, a Pegada Insustentável, de Hugo Almeida

Não é muito comum o Fantasporto apresentar documentários. A qualidade e impacto, diria mesmo necessidade, deste filme impõe a sua projeção. Num mundo onde tudo está a mudar devido às mudanças climáticas e ao seu dramático impacto em milhões de seres humanos, o realizador Hugo Almeida e o seu produtor, Francisco Guerreiro, este deputado europeu, trazem uma resenha histórica e social da importância da evolução dos hábitos de alimentação e da necessidade urgente de mudança da alimentação, sobretudo nas sociedades mais avançadas. Esta é a primeira longa-metragem do realizador.

As curtas-metragens

Ruim, de Daniela Pereira Marques

Uma jovem sozinha em casa recebe cartas misteriosas à porta. Alguém quer entrar.  A casa deixou de ser um lugar de conforto e paz, e ela tem de lidar com a situação sozinha. Uma realização de Daniela Marques com Beatriz Marinho e Erica Sousa.

Samson, de Vasco Viana

Regras para obter a atenção de uma mulher. Um homem elabora a lista das regras que se devem seguir para não se ser rejeitado à primeira vista. O método tem de funcionar. Mas nada é assim tão simples. Um jovem vai pôr as regras em ação, e a sua jornada não vai ser fácil. O realizador, que também assina o argumento, vive na Chéquia há vários anos.  Com Caolan O’Neill Forde e Barbora Sperkova.

Portrait(s), de Luís Miranda

Uma reflexão sobre o olhar, a face humana e a poesia que deles se explanam quando estão na frontalidade ou no perfil de um retrato. O filme é sobretudo visual, focado sobre o ato do olhar e do estar quieto, olhando. O realizador Luís Miranda, professor de cinema e experimentalista, apresentou já várias curtas-metragens no Fantasporto.

Departures, de Vasco Viana

Andea e Aiden, um casal em crise, passam os últimos dias da sua relação amorosa refletindo sobre o que se passou e como podia ter sido tudo diferente.  O realizador Vasco Viana estudou e vive na Chéquia há vários anos.

De Passagem, de Telmo Ribeiro

Ensaio visual em que os sons da natureza e os seus mistérios encontram uma casa abandonada há muito, mas onde os objetos ainda dentro falam dos seus habitantes, há muitos anos. Com realização, argumento, fotografia e produção de Telmo Ribeiro. Com voz de Daniel Abrão.

Penrose, de Alessandra Roucos e Maria Teresa Teixeira

Na sua primeira noite no apartamento do rés-do-chão, um homem é acordado por uma pinga que cai do teto. Quando se desloca ao andar de cima, descobre gente estranha e um lado novo na sua personalidade. As duas realizadoras, Alessandra Roucos e Maria Teresa Teixeira, frequentam a licenciatura do curso Vídeo/Cinema e Artes dos Media da Universidade Lusófona de Lisboa. Com Diogo Fernandes, Valeria Braddell, Raimundo Cosme e Eduardo Frazão.

Pássaros de Papel, de Nuno Manuel Pereira

A partir da lenda «Diabólica», uma história passada nas rochas e brumas do interior, sobre um espírito que passa em cima das pessoas, como um bando de pássaros que ninguém vê. Uma jovem citadina regressa a casa da avó em Monsanto. O vizinho Sr. Alberto e a avó mantêm as tradições e a lenda através de gente que diz que tudo testemunhou. Com Maria João Freitas, Amélia Mendonça Fonseca.

Competição Prémio Cinema Português — Escolas

Anthouse, de Iris Viesulas – ESSR

Mars, uma adolescente, viaja entre o seu consciente e o seu inconsciente, refletindo sobre o seu lugar no ambiente em que se insere e o papel que desempenha na sua própria vida. Ficção experimental. A realizadora é diplomada pela Escola Artística de Soares dos Reis, no Porto, e concluiu o seu curso de Comunicação Audiovisual com especialidade de Cinema e Vídeo. Este filme foi a sua prova de Aptidão Artística.


½= 1, de Luísa Alegre – Universidade Católica

À volta da consciência da disforia, silhuetas movem-se dentro de um sonho processado em cianótipos. Filme experimental usando um processo descoberto pela botânica e fotógrafa Anna Atkins, em 1842. Filme com realização, argumento e fotografia de Luísa Alegre, com Bárbara Sousa e Guilherme Amorim Lopes.


A Última Casa, de Francisco Santos – ESAP

Num mundo distópico, uma família de canibais persegue viajantes perdidos para se sustentar. Porém, quando um homem estranho invade a sua propriedade, a família tem de se confrontar com o facto de que, desta vez, serão eles a ser caçados. Argumento do realizador e fotografia de Flávio Silva. Com Fábio Alves, Cidália Santos, Pedro Oliveira e Joana Fairchild.


Sea-64, de Paulo Malheiro – Universidade do Minho

Portugal, anos 60. Uma jovem camponesa encontra um objeto intrigante no campo: uma televisão. Decide levá-lo para casa onde acaba cativada pelo aparelho, tal como o seu namorado. Com a crescente influência da televisão, ambos são consumidos num transe hipnótico que tem consequências trágicas. O realizador Paulo Malheiro assina também o argumento com Bruno Ferreira e João Araújo. Os atores são Ricardina Ribeiro e Miguel Almeida.


À Luz das Impressões, de Luís Miguel Rocha – UBI

Visão. Sentida. Ouvida. Percecionada. Através da Luz. Do Além. A Arte. Descobre-se.

Com Luana Lobato, Camila Macedo e Carolina Lopes.


O Abafador, de Silvana Torricella – ESMAD

Vicente é abafador e viaja de terra em terra com a missão de ajudar quem sofre à espera da morte. Cansado de viver como um criminoso, faz um último abafamento. Argumento e montagem da realizadora que nasceu no Porto e é licenciada em Produção e Realização. A realizadora foi a autora do genérico do Fantasporto em 2016. Com João Cachola, Maria Leite e Jorge Mota.


Esqueci-me que Tinha Medo, de Diogo Bento – ULL

Bruno é um cartunista que foi amaldiçoado com cromofobia (fobia das cores), fechando-se em casa e vivendo num mundo a preto e branco. A maldição obrigou-o a abandonar o amor da sua vida, Flor, recriando-a e às suas memórias com ela em cartoons. Filme de fim de curso da licenciatura em Cinema, Vídeo e Comunicação Multimédia de Diogo Bento, que é também compositor com o nome Diogo Caravela. Com Miguel Freire e Ana Marta Ferreira.

Filmes fora de competição

Maria José Maria, de Chico Noras

Uma história baseada em factos. Numa aldeia remota, o chefe da polícia aprecia o corpo em decomposição de uma mulher. Em casa, a filha grita pela mãe e tem sangue na roupa. «Já não sou casta», diz ao padre, «e a minha mãe desapareceu». «Somos todos pecadores», diz o padre. Nem a virgem e mártir Santa Engrácia consegue evitar o pior. Com André Gago, José Neto e Eunice Correia. Selecção do Swindon Film Festival.

O Nosso Caminho, de Pedro Gil Vasconcelos

As histórias da História e os testemunhos dos que aceitam caminhar mais de 200 km até chegar à cidade santa. De novo a caminho de Santiago de Compostela, em Espanha, no Ano Jacobeu e da pandemia, o realizador leva consigo o amigo, João Rebelo Martins, conhecida personalidade do automobilismo e dinamizador de vários eventos culturais. Pedro Gil Vasconcelos foi já premiado com inúmeros galardões internacionais por este filme e pelo seu anterior. O Meu Caminho (2022) foi apresentado no Fantasporto em 2023 e arrecadou um impressionante conjunto de prémios, entre os quais Melhor Curta-Metragem no Hollywood Gold Awards. Este êxito está a ser repetido por este O Nosso Caminho, já premiado como a Melhor Curta-Metragem em Milão e escolhido como a Melhor Curta pela Academia de Cinema Sueca.

Era uma Vez no Apocalipse, de Tiago Pimentel

Num tempo futuro, mas muito perto de nós, uma ditadura persegue os cidadãos enquanto se desenrola a 3.ª guerra mundial. Nesse inverno nuclear, o Coronel visita uma casa isolada em busca da filha rebelde do velho que a habita. O realizador Tiago Pimentel é um conhecido do Fantasporto, tendo já aqui apresentado a curta Encontro a Quatro (2016). O filme conta com argumento do realizador e de António Miguel Pereira. Um excelente papel do músico Sérgio Godinho, como protagonista, de Mariana Pacheco e Paulo Calatré.

Titus, de Rui Neto, Jorge Albuquerque

Não se trata apenas de representação de uma das mais crueis e sangrentas tragédias de Shakespeare, Titus Andronicus, mas de um trabalho de adaptação aos temas do mundo atual. Titus é um general que volta da guerra com quatro prisioneiros que juraram vingar-se. Ninguém está a salvo. A filha de Titus é violada, os seus filhos mortos ou expulsos. Mas Titus vai ainda mais longe na sua vingança. O filme foi vencedor de prémios na Argentina (Melhor Filme Narrativo no Festival de Corrientes), Alemanha (Filme e Atriz São José Correia no Independent Star Film Fest), Peru (Melhor Drama no festival de Trujillo) Chile (Melhor Filme da CIFA) e Espanha (Madrid Film Awards).