Entrevista com a escritora Marta Nazaré, sobre a sua estreia na antologia «Sangue Novo» e futuros projetos

«Continuo a par das novidades do terror infantojuvenil, continuo a ler. Tenho pena que haja pouco cá em Portugal.»

Quando entrevistámos a Marta Nazaré, o Sangue Novo, a antologia de novas vozes do terror português em que participou com o seu conto «O Devorador de Sonhos», ainda era um projeto recente. Depois desta conversa, a Marta já tem mais um conto noutra antologia, Sangue, a lançar pela Trebaruna na Feira do Livro de Lisboa de 2022. 

Mas, à medida que a Marta vai escrevendo mais contos para publicação (formato que ela confessa ser, para já, o seu favorito), isto mantém-se constante: o seu gosto pelo terror infantojuvenil e a vontade de ver mais obras deste género em português.

De Sandra Henriques

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Quando é que começas a escrever? Começas a escrever terror ou outro género?

Ao certo, ao certo, comecei a escrever terror, diria, na altura da faculdade. Mas não eram contos. Quando disse, no lançamento do Sangue Novo, que este foi o meu primeiro conto — e teve piada ser um que foi publicado —, é porque nunca tinha escrito uma história com introdução, desenvolvimento e conclusão. Escrevia mais pensamentos negros, uma espécie de diário das emoções. Se naquele dia me sentia triste, descrevia o que sentia numa imagem, como fiz [num conto em que estou a trabalhar], «A Ruína». Para esse conto, fui buscar pensamentos que escrevi na altura. Achei que as emoções avassaladoras que estava a sentir podiam ser a metáfora de uma casa a ruir. Sentia-me sem futuro, presa no sítio onde estava, um pouco como uma casa abandonada, deixada para trás, a ruir, sem ninguém que cuidasse dela. Tenho muita coisa escrita dentro desse género mais pesado. Mas nada que fosse uma história. Fui para o Escrever Terror não só porque gosto de terror, mas porque queria conhecer pessoas que também gostam de terror deste género e partilhar com elas o fascínio que tenho por ele. Nunca pensei em escrever. Só queria mesmo partilhar ideias e conhecimentos. Durante o curso, o Pedro [Lucas Martins] começou a pedir-me para escrever umas coisinhas. Fui fazendo-lhe a vontade. E quando ele, no fim do curso, diz «vocês agora vão ter de apresentar um conto», entrei em pânico. Mas lá fui escrevendo, com o incentivo do Pedro, e comecei a gostar de escrever contos, de contar histórias. Pensei: «isto até é engraçado, até tenho um certo jeito para encadear as ideias e contar histórias engraçadas». Comecei então a escrever umas coisas, mas achava que ainda não estavam bem como eu queria. Foi com o Teias [de Aranha] que comecei a escrever mais e a escrever realmente contos de que me orgulhava.

 

Mas a parte gira disto é que encontraste um curso de escrever terror, ainda por cima a primeira edição. Já tinhas lido alguma coisa de terror em português?

Eu nem sabia quem era o Pedro! Conhecia o David Soares, o Luís Corte-Real, e o Fernando Ribeiro dos Moonspell, que também escreveu uns contos. E o universo de terror português, para mim, fechava aí. E conhecia ainda o Álvaro Magalhães, com as «Crónicas do Vampiro Valentim», mas acabava aí. O resto, para mim, era tudo terror estrangeiro. E eu lia sempre, essencialmente, terror estrangeiro. Foi muito agradável conhecer o Pedro e [saber que os autores existem].

 

Qual foi o impacto do Escrever Terror para ti?

Se o Pedro precisava de alguma prova de que estava a fazer algo [revolucionário], ele pôs-me a escrever. Não fui para o Escrever Terror com o propósito de ser escritora, mas ele pôs-me a escrever. E deu-me a minha voz, fez com que eu percebesse que havia algo que estava em falta na minha vida, só que ainda não tinha percebido que estava em falta. Ele teve um papel determinante na minha formação como escritora e, neste momento, sinto-me mais preenchida, porque essa era a peça que faltava para fechar o puzzle. Desde aí, tenho sido a pessoa mais feliz do mundo, porque estou concentrada a escrever os contos e a partilhá-los com outras pessoas. Até agora, faltava aqui uma motivação qualquer que eu não sabia qual era. Descobri que exorcizo os meus problemas com a escrita. Por trás de um problema, há sempre uma grande ideia para um conto de terror.

 

Não é fácil ser-se fã de terror às vezes.

Eu acho que todos nós que gostamos de terror passamos um pouco por isso — as pessoas olharem para nós com um ar estranho. [Até ao curso], nunca tinha conhecido ninguém que fosse como eu.

 

Também te perguntam «tu escreves dessas coisas»?

Eu andei 40 anos da minha vida a achar que era um bocadinho anormal porque gostava destas coisas. [Achava] que as pessoas que pensam como eu estavam no estrangeiro e eu tinha nascido no país errado. O Teias de Aranha foi fundamental. Descobri que havia mais pessoas que gostavam de terror para lá dos quatro [alunos do Escrever Terror]. Afinal, éramos muitos.

 

E é um grupo muito coeso, que se apoia, não se atropela.

Era aquilo que eu imaginava que um grupo de escritores fosse: camaradagem. De gostarmos das ideias uns dos outros, de darmos feedback e apresentarmos novas perspetivas e formas de melhoria dos trabalhos uns aos outros. E vês que as pessoas estão ali genuinamente a apoiar-te e a ajudar-te a melhorar o texto. Não há negatividade naquele grupo, e é uma coisa que me impressionou muito, porque já estive em meios em que a negatividade era tão pesada e a crítica tão forte que não conseguia evoluir. Gosto do ambiente do Teias de Aranha porque penso: «a ideia ainda não era bem esta, mas vou apresentar-lhes o conto porque me vão dar dicas, vão dizer-me como melhorar isto». Gosto que o grupo seja assim. É a minha família do terror.

 

Já gostavas de terror antes do curso então.

Sim, já gostava de terror. Eu começo pelos livros infantis. Era o terror que os meus pais me deixavam ler, porque tinha bonecos. E os bonecos, regra geral, não são violentos e não traumatizam as crianças. Podem ser vampiros e monstros e lobisomens, mas não interessa, são bonecos e, por isso, não metem medo. Sempre gostei muito do terror infantojuvenil. Ainda hoje, continuo a par das novidades do terror infantojuvenil, continuo a ler. Tenho pena que haja pouco cá em Portugal.

 

Podias ser a próxima autora de terror infantojuvenil em Portugal!

Era bom. Porque eu gostava que houvesse um R. L. Stine e um Lemony Snicket aqui em Portugal. São os autores que eu mais gosto de ler. O Neil Gaiman também. Mas sinto que ainda não atingi essa maturidade como autora que me permita estar à frente de uma coleção de terror infantojuvenil.

 

Também vês as adaptações desses livros para cinema e televisão?

Sim. E gosto de ver o que está diferente dos livros. Também vejo todas aquelas animações da Disney, como o Hotel Transylvania, O Estranho Mundo de Jack, o Frankenweenie. Vibro com isso tudo, gosto desse tipo de terror, que é um terror mais simples. Sabemos que a história segue uma determinada direção, que tem monstros como protagonistas, mas no fim acaba sempre tudo bem. Também gosto de fazer isso nos meus contos. Os monstros até podem ser amigos, como no Monstros e Companhia, mas são incompreendidos. É preciso perceber por que têm certas atitudes. Gosto muito disso. O vilão ser uma pessoa boa, incompreendida, ou frustrada, ou magoada, mas, se alguém lhe der uma oportunidade, [mostra o lado bom]. Temos o exemplo do Gasparzinho (Casper). Alguém lhe deu uma oportunidade e ele afinal era um fantasma amigo. Gosto muito de abordar esse outro lado dos vilões ou monstros, de eles também terem um lado bom.

 

Gostei muito do teu conto no Sangue Novo, «O Devorador de Sonhos». O sentido de humor, o facto de teres criado uma palavra nova «redaterrores».

Isso foi ideia do Pedro. Acho que foi ele que chegou a essa palavra.

 

E gosto da mudança de ambiente descrita nos corredores, dos corvos empalhados para as purpurinas. Como é que te surge a ideia para este conto?

Juntei todas as ideias que tinha para contos na altura. Tinha acabado de sair do Escrever Terror, estávamos no início do Teias [de Aranha] e, antes de começar a oficina, o Pedro disse-me: «tens de escrever um conto para a antologia». E entrei em choque! É no Teias [de Aranha] que eu melhoro a minha escrita, que encontro a minha voz, com as vossas opiniões e as do Pedro. Foi aí que comecei a experimentar, a descobrir como é que havia de construir um conto e o que é que gostava de escrever. Nessa altura, acabadinha de sair do Escrever Terror, estava completamente embrionária, era o início da Marta como escritora. Mas aceitei o convite para ingressar na antologia, claro. Tinha várias ideias, algumas que surgiram no Escrever Terror, como a ideia das penas, e ia pô-las no papel. [A ideia das penas era] sobre um escritor amaldiçoado que queria escrever terror, mas depois a caneta dele teimava em escrever coisas boas, com purpurinas e unicórnios. O Mefistófeles era uma personagem que já tinha criado nos meus tempos de faculdade.

 

Eu adoro que ele esteja chateado com a vida que leva e decide mudar de ramo.

Sim, baseei-me naqueles chefes que são sempre muito severos, em figuras de autoridade tóxicas e demasiado controladoras. Baseei-me nelas para criar o Mefistófeles que, farto de atormentar pessoas no ramo da advocacia, decide «mudar de ares» e semear o medo noutra área. Mas, mesmo mudando de ramo, com a oportunidade de começar do zero, continua a resvalar para velhos hábitos. E li imensos anúncios de emprego para chegar àquele texto que incluí no conto.

 

E o conto é muito visual. A história do Baku é real?

Sim, o Baku é da mitologia japonesa, uma criatura que devora os pesadelos das pessoas. Pouco tempo antes, tinha traduzido um livro sobre criaturas mitológicas que falava sobre ele. Quando comecei a cozinhar aquela ideia da editora dos pesadelos, pensei que tinha de ter bakus. E, como vai sendo uma tendência nos meus contos, quis dar a oportunidade a estas criaturas de serem boas.

 

E o polvo roxo que só pode ser apanhado com uma armadilha roxa…

Fui buscar essa ideia ao meu pai. Quando era miúda, ele contava muitas piadas assim — do género: «como é que se mata um elefante roxo? Com uma espingarda roxa». O meu pai tinha muito esse sentido de humor peculiar. Quando estava a escrever o conto, pensei logo: «um polvo roxo só se apanha com uma armadilha roxa». Essa é a influência do meu pai. Aliás, os meus contos têm quase sempre influências de pessoas que conheci, situações que vivi ou locais que frequentei. Gosto de usar a realidade para criar ficção.

 

Tu consegues escrever coisas mais pesadas, como é o caso do conto «A Ruína», mas eu percebo que mexeu com muitas emoções. Claramente (parece-me) que não é isso que queres fazer, não é esse o tipo de história que queres escrever.

Gostava de explorar. Também tentei um texto desses, mais pesado, um exorcismo que começa como um pretexto para o abuso de uma criança, mas tenho muita dificuldade em passar para um lado mais negro. O Pedro disse que fiquei muito condicionada nesse conto, que não consegui ir além, não consegui entrar naquele mundo. Mais facilmente descrevo um assassinato, o esquartejamento de alguém, do que uma violação, pior ainda se for a de uma criança. Não consigo entrar ali. Gostava de explorar esse lado, mas precisava de um distanciamento que não consigo ter.

 

O que é que estás a escrever agora?

Estou essencialmente a escrever para o Teias de Aranha porque gostava de montar um livro de contos. Por acaso, não pensei em infantojuvenil, pensei em contos que abordassem vários temas. Nem que depois os publicasse numa edição de autor. Pensei em juntar os contos todos que vou escrevendo no Teias de Aranha num único livro. Mas tenho de escrever mais infantojuvenil. Tenho andado a tentar explorar outras vertentes e esqueci-me de que gosto mesmo é de escrever infantojuvenil. Devo ter para aí dois ou três textos de infantojuvenil e todo um manancial de textos com outras temáticas. Se calhar, devia abordar mais esse lado.

 

Aliás, na apresentação do Sangue Novo, alguém no público te perguntou se querias continuar a escrever terror infantojuvenil.

Sim, quero continuar. Gostava de escrever histórias de [terror] infantojuvenil, nem que fosse para ajudar as criancinhas a perceber o ponto de vista do monstro, por exemplo. Sei que existem vários livros que ajudam as crianças a não ter medo de dormir à noite, ou a lidar com a questão da luz apagada, dos monstros debaixo da cama. Já há livros para ajudar as crianças a lidar com os mais variados medos. Eram temas interessantes que também gostava de explorar. Um vampiro pode ensinar as crianças a lavar os dentes, por exemplo. Gostava de explorar isso, sim.

 

Facilmente consigo ver o teu conto do Sangue Novo em ilustrações, animação, etc. Tu não escreves mais infantojuvenil porque sentes que não existe mercado em Portugal?

Existe pouco terror infantojuvenil. Existem coisas muito pontuais de autores portugueses. Os autores estrangeiros publicaram muito mais dentro deste género. Em português, estou a lembrar-me das Crónicas do Vampiro Valentim, do Álvaro Magalhães, sobre uma família de vampiros que vive no Porto. São vampiros diferentes, que não bebem sangue, mas comem arroz de cabidela. É uma história de terror infantojuvenil muito divertida e que é uma grande referência minha. A coleção d’A Família Monstro, do Bruno Matos, também saiu há pouco tempo, assim como a coleção da Bruxa Matilde, da Patrícia Furtado. Parece-me que os Portugueses estão agora a começar a despertar para o terror infantojuvenil. E há mercado. Há crianças e jovens que gostam deste género literário e que procuram estes livros. Se assim não fosse, o R. L. Stine não era um autor de tanto sucesso.

 

Achas que não se escreve porque não há mercado, ou que as portas se podem abrir se quisermos que elas se abram?

Pode ser pelo facto de o género do terror ainda estar um bocadinho condicionado aqui em Portugal. No meu caso, tenho receio de que as coisas não deem em nada porque se aposta muito pouco neste género. Neste momento, escrevo porque gosto de escrever, porque gosto de partilhar os contos com vocês no Teias [de Aranha] e gosto de vos fazer rir e de vos fazer pensar nas coisas [de outra perspetiva]. Essencialmente, é isso que estou a fazer. Ao mesmo tempo, vou compondo os meus contos para depois fazer uma antologia. Estou a escrever para vocês e para a minha família. Acredito que haja muitos autores que façam o mesmo, que escrevam para os amigos, a família ou para a gaveta, por acharem que os seus textos de terror não vão ser aceites para publicação ou não vão ter saída.

 

Qual é a reação da tua família quando leem os teus contos?

Tem sido engraçado, porque ninguém na minha família gosta de terror. Portanto, estou literalmente sozinha [no gosto pelo género]. Comecei a pô-los a ler e, neste momento, alguns já gostam. O meu pai já está a ler a nossa antologia e a comentar. Sinto-me muito satisfeita porque estou a pôr as pessoas a ler e a gostar de terror.

 

E vês-te a continuar a escrever?

Se vocacionasse mais o meu tempo para a escrita, era capaz de organizar melhor as coisas ou escrever mais além do Teias [de Aranha]. Neste momento, não consigo, mas irei sempre fazer um esforço para continuar a escrever. E o Teias [de Aranha] cumpre bem o seu papel, pois todos os meses tenho de apresentar pelo menos um conto. Assim, sem me aperceber, criei hábitos de escrita que pretendo manter, embora nem sempre seja fácil conciliá-los com alturas de muito trabalho.

 

Achas que é uma questão de falta de tempo ou de método?

[Arranjo] desculpas para não escrever, porque me sinto cansada ou porque não tenho ideias que considere boas o suficiente para as escrever, mas devia direcionar mais o meu tempo para esse campo. O Pedro falava em escrevermos um romance e, por mais voltas que dê à cabeça, não sei se consigo escrever uma história tão grande. Sou boa a escrever coisas pequenas, pois concentro-me melhor. A descrição não é muito alongada, não tens de criar um grande universo. Prefiro coisas mais pequeninas que consigo facilmente abarcar, controlar. É a questão do controlo da história, de não me dispersar. Ainda não encontrei uma forma de abordar um romance que resulte comigo.

 

Tens de encontrar a tua velocidade.

Eu ainda estou um bocadinho em pânico. Comecei a escrever alguma coisa com cabeça, tronco e membros, alguma coisa de jeito, em 2020. Portanto, sempre que surge uma oportunidade nova, penso que ainda não estou preparada para isso, que ainda agora comecei, que tudo está a acontecer demasiado depressa.

 

O que é que achas que vai acontecer a seguir ao Sangue Novo?

Acho que, mais lá para a frente, nos devíamos juntar todos e tentar lançar outra antologia. Acredito que haja pessoas no grupo que vão conseguir fazer uma publicação individual, ou serem publicadas noutra antologia. Acho que sim, acredito que isso vai acontecer.

 

Mas vês isso a acontecer contigo também ou não?

Comigo, lá está, tenho de passar sempre o pânico inicial de achar que ainda não estou preparada. Outra coisa que tenho de ultrapassar é o medo de não conseguir escrever tanto. Os meus contos são pequenos. Estou sempre à volta das 400/500 palavras. Tenho dificuldade em escrever mais do que isso, e as submissões para concursos ou antologias tendem a pedir, no mínimo, mil ou duas mil palavras. Esse é um dos meus maiores entraves. Passadas as 500 palavras, acho que estou a meter palha.

 

Geralmente, essas antologias têm temas fixos. Isso limita-te?

O tema em si não é um problema, o pior é mesmo o limite de palavras. Não poder apresentar uma coisa mais pequena. Eu percebo o porquê de as editoras imporem esse limite. Sem ele, o livro não teria consistência para ser publicado. Corriam o risco de só terem contos pequenos. Mas, para mim, esse limite é complicado de ultrapassar. Neste conto [do Sangue Novo], cheguei às 2000 palavras porque me ia concentrando em pequenos blocos de texto. Foi o único até agora. Ainda não dei esse salto para escrever algo com mais palavras. Se calhar, é uma coisa que vai acontecer com a experiência e com o tempo. Tentei, num concurso recente, agarrar num conto que já tinha escrito e acrescentar-lhe mais palavras, mas achei que estava a desvirtuar a história e que não valia a pena. Acabei por pô-lo de lado. E saber destes concursos com um ou dois meses de antecedência não é tempo suficiente conseguir construir o conto ou reformulá-lo. Demorei seis meses para escrever o conto do Sangue Novo.

 

Como é o teu processo de escrita?

Gosto de começar pelo final. O final é este, a ideia vai ser esta e depois fico a pensar durante imenso tempo sobre como vou escrever o que falta da história. Até que, às vezes, a três dias do prazo de entrega, desbloqueio tudo e decido que a abordagem vai ser aquela. O meu método é quase sempre começar pelo final e pelas personagens. Enquanto não tenho a reviravolta, não tenho o fim, logo não começo a escrever.

 

E tens sempre o retorno do grupo do Teias de Aranha.

Com vocês, posso estar fora da zona de conforto. Sei que, se correr mal, vocês estão lá para me ajudar. Desde que faço parte deste grupo, estou sempre a oscilar entre o pânico e o assombro. Mas aceitei que a minha vida agora é isto e estou a gostar desta aventura. As pessoas podem influenciar a vida dos outros, mesmo sem saberem, e vocês foram, cada um à sua maneira, muito determinantes na minha formação como escritora. O Pedro começou e vocês acabaram.

 

E só passou um ano!

Pois foi. E estou curiosa para saber o que vai acontecer ao longo do tempo. Como é que é possível uma pessoa ter experienciado tanta coisa nova, ter evoluído tanto no espaço de um ano. Realmente é extraordinário. Completamente incrível.