Resumo do Fórum Fantástico 2022
Rescaldo do último evento do ano dedicado à ficção especulativa
O Fórum Fantástico acontece há 18 anos, mas só me cruzei com ele em 2021, e apenas de passagem, para ver o documentário dedicado aos 40 anos do Fantasporto, realizado por Isabel Pina, e para votar n’As Sombras de Lázaro, do Pedro Lucas Martins, para o Grande Prémio Adamastor de Literatura Fantástica Portuguesa (que ganhou).
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«Os Melhores Contos da Fábrica do Terror – Vol. 1»
16.50 € (com IVA)Na edição do ano passado, a Fábrica do Terror ainda era pouco mais do que um projeto em papel. E, sei que reforço isto muitas vezes, convém recordar que, à data em que escrevo este artigo, ainda nem celebrámos o primeiro ano de vida.
Este ano, tivemos a honra e o prazer de participar em vários painéis onde se discutiu terror português. Um enorme obrigada ao Rogério Ribeiro por convidar pessoas de um projeto tão recente para participar em conversas «sérias» (no tema, não no ambiente).
Painéis, masterclasses e lançamentos
No primeiro dia do Fórum Fantástico, a sexta-feira, o Cláudio André Redondo esteve à conversa sobre cinema com o João Monteiro e o Francisco Rocha no painel 100 Anos à Sombra de Nosferatu, moderado pela Rita Santos. Aproveito para partilhar convosco que o artigo do Cláudio sobre o filme Os Crimes do Diogo Alves é referenciado no livro O Quarto Perdido do MOTELX – Os filmes do terror português (1911-2006), lançado recentemente.
Assistimos, também, à conversa com Filipe Faria, autor premiado (em 2001, com o Prémio Branquinho da Fonseca, e em 2002, com o Prémio Matilde Rosa Araújo) da série de fantasia Crónicas de Allaryia.
No sábado de manhã, estive ao lado de outras autoras a falar de escrita na MasterClass Polícia Bom, Polícia Mau, orientada por Luís Filipe Silva e Rogério Ribeiro. À tarde, integrei o painel de fecho A Fantasia nos Intervalos do Real, com os autores Mário Seabra Coelho e Ana Cristina Rodrigues.
A Fábrica do Terror acompanhou, também, o lançamento de Garras Gélidas (de Nuno Ferreira, editado pela Divergência), a apresentação do livro-jogo O Sacerdote das Trevas (de Luís Dinis), e os painéis Distopia, Disseram Elas (com as autoras Maria Roque Martins, vencedora do Prémio António de Macedo 2020, e Catarina Costa), À Conversa sobre Videojogos (com Ricardo Correia e João Campos) e Ficcionar a Ciência (com Sérgio Mascarenhas, Julie Novakova e Sérgio Pereira).
A boa energia do evento prolongou-se, depois, no já clássico Jantar dos Velhos do Califa (que aconselho que não percam na edição de 2023 do Fórum Fantástico).
No domingo, assistimos ao painel Edição e Tradução (com Pedro Cipriano, Ana Cristina Rodrigues, Julie Novakova e Iolanda Ramos) e o Pedro Lucas Martins participou no painel de encerramento Rotas da Nova Vaga de Terror Nacional, com Carolina Sousa, Samir Karimo e Mafalda Santos.
Os premiados de 2022
Prémio Ataegina 2022
O Prémio Ataegina 2022 (organizado pela Imaginauta, pela Editorial Divergência, pelo Fórum Fantástico e pelo The Portuguese Portal of Fantasy and Science Fiction) foi atribuído ao conto As Flores Que Nascem no Deserto, de Guilherme Correia.
Prémio António de Macedo 2022
Nuno Gonçalves ganhou o Prémio António de Macedo 2022, com o livro de terror O Pacto. Se estão, como nós, ansiosos por ler este livro, podem, até lá, espreitar a escrita do Nuno no conto Coração Que Não Sente, já publicado na Fábrica.
Prémio Adamastor de Literatura Fantástica Estrangeira
Viúva de Ferro, de Xiran Jay Zhao (editado pela Saída de Emergência), ganhou o Prémio Adamastor de Literatura Fantástica Estrangeira.
Prémio Adamastor de Ficção Fantástica em Banda Desenhada
Apocryphus: Monstro, organizado por Miguel Jorge (editado pela chancela editorial MigHell), e Dante, de Luís Louro (editado pela Ala dos Livros), ficaram empatados (situação inédita no Fórum Fantástico) e ganharam ambos o Prémio Adamastor de Ficção Fantástica em Banda Desenhada.
Grande Prémio Adamastor de Literatura Fantástica Portuguesa
Sangue Novo – Uma Antologia
Prémio Adamastor de Ficção Fantástica em Conto
Liliana Duarte Pereira ganhou o Prémio Adamastor de Ficção Fantástica em Conto com O Manicómio das Mães
Sangue Novo
O Sangue Novo (e não vou repetir a importância deste livro, porque já abri o coração sobre isso aqui) estava nomeado para o Grande Prémio Adamastor de Literatura Fantástica Portuguesa e Prémio Adamastor de Ficção Fantástica em Conto (com os contos de José Maria Covas, Liliana Duarte Pereira, Martina Mendes, Patrícia Sá e Susana Silva).
Obrigada a quem votou no Sangue Novo, a quem ainda não tinha lido o livro e foi comprá-lo por acreditar nos autores que tinha acabado de conhecer (não fizemos campanha, mas fomos sempre muito honestos no nosso amor pelo livro), a quem assistiu e participou nos nossos painéis.
A Liliana Duarte Pereira ganhou o Prémio Adamastor de Ficção Fantástica em Conto com O Manicómio das Mães; o Sangue Novo (e cada um de nós) ganhou o Grande Prémio Adamastor de Literatura Fantástica Portuguesa. Subimos ao palco (invadimos, quase) e fizemos discursos de agradecimento improvisados mais ou menos eloquentes. Não porque não acreditássemos que fosse acontecer ou que não devíamos estar ali — por esta altura, já assumimos que começámos o movimento da nova vaga de terror portuguesa. E não é imodéstia; é vermos, todos os dias, os frutos desse trabalho a cada conto que publicamos noutras antologias, a cada mensagem de encorajamento que recebemos, a cada novo fã de terror português que conquistamos.
Nenhum de nós (ainda) vive da escrita de terror, mas aproveitamos todos os intervalos para escrever, melhorar, trocar conselhos e trazer mais camaradas de escrita para esta comunidade.
A Fábrica do Terror está a crescer, sim, e uma das coisas mais importantes para nós é o que escrevemos na primeira newsletter semanal que enviámos: «temos sido recebidos com enorme carinho pelos fãs e criadores de terror. É muito gratificante ouvir-vos dizer que o nosso projeto fazia falta. Nós já o sabíamos de coração, mas ter a vossa confirmação é a cereja no topo do bolo».
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Sandra Henriques
Autora de guias de viagens da Lonely Planet, estreou-se na ficção em 2021, ano em que ganhou o prémio europeu no concurso de microcontos da EACWP com «A Encarregada», uma história de terror contada em 100 palavras. Integrou as antologias Sangue Novo (2021), Sangue (2022) e Dead Letters: Episodes of Epistolary Horror (2023). Em setembro de 2023, contribuiu com o artigo «Autoras de Terror Português» para a Enciclopédia do Terror Português, editada pela Verbi Gratia. Em março de 2022, cofundou a Fábrica do Terror, onde desempenha a função de editora-chefe.