Crítica a «New Wenders by Night: Chronicles of a Vampire Taxi Driver», de Robson Siebel
Só o subtítulo foi suficiente para despertar a minha curiosidade. Um vampiro que conduz um táxi. Como Morton Newberry diz ao vampiro Alex neste livro, parece uma história interessante.
O mundo que Robson Siebel constrói com Nova Orleães — ou New Wenders — como pano de fundo é muito mais do que simplesmente «interessante». É misterioso, sobrenatural e tão, tão humano.
O livro, escrito em inglês, estrutura-se em 31 pequenos episódios da vida de Alex, o vampiro taxista, intercalados por excertos de emissões de rádio que dão pequenos vislumbres ao leitor do mundo de New Wenders. Assassinatos e fenómenos misteriosos são de esperar num romance vampírico, mas Alex está longe de ser a única ameaça da cidade.
Neste mundo, encontramos vampiros que evocam os de antigamente, sanguinários e noturnos. Aprendemos que as emoções e a personalidade alteram o sabor do sangue, e Alex prefere o de humanos moralmente asquerosos.
As personagens — humanas e vampíricas — vivem vidas cheias e complexas além do que se descose sobre elas durante a viagem no táxi de Alex. Esta forma de conhecer a cidade através de pequenas conversas entre o taxista e os seus passageiros faz com que New Wenders pareça viva e real.
A escrita flui como água. Siebel larga apenas as pistas necessárias para manter o leitor intrigado. Uma aura de mistério está impressa em cada página. Por muito que acompanhemos Alex, não sabemos, verdadeiramente, muito sobre ele, mas essa é a magia deste livro. Captamos vestígios de realidades maiores e ficamos vampiricamente sedentos por mais uma gota de narrativa até à última palavra.
Alex considera-se inerentemente monstruoso por causa da sua sede de sangue, mas parece-me que os vampiros neste livro nunca deixam realmente de ser humanos. Sofrem com o peso de uma mente assombrada pela eternidade. O significado da existência escapa-lhes mesmo após viverem tantas vidas. Alguns recorrem ao suicídio na busca de um bálsamo. Todos fogem de algo, talvez de si mesmos. E não é isso a coisa mais humana?
Este é um livro que me tocou o coração, a mente e a alma. Todas estas personagens ficaram comigo, como espectros. O ambiente de New Wenders persiste-me na visão quando fecho os olhos. O terror subtil vagueia pelas sombras do livro e aparece nos momentos certos.
Leitor, deixa que esta história crave os seus dentes no teu pescoço e desfruta da viagem. Não te vais arrepender.
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Patrícia Sá
Patrícia Sá nasceu em 1999. Desde muito cedo que encontrou um refúgio na escrita e estreou-se como autora em 2021, com o conto «Amor», na antologia «Sangue Novo». Interessa-se especialmente pelo estudo da monstruosidade na literatura, nas artes e na cultura. Está determinada a provar que o terror é um género sólido. A arma dela? Resmas de livros teóricos sobre o assunto. Sublinhados. E com «post-its».