Dia Internacional dos Museus

Coleções insólitas, obras de arte macabras e histórias de fantasmas.

A 18 de maio, visita um destes museus em Portugal.

Imagem do Header: O Inferno (obra portuguesa de autor desconhecido) – Fotografia de Dhanish Gajjar

Sonhamos com o dia, mas ainda não temos planos para um museu do terror português. Até lá, deixamos-te algumas sugestões de sítios a visitar que, com um bocadinho de esforço e imaginação, podem deixar-te com os cabelos em pé (ou a pensar na vida, vá).

Museu da Dermatologia Portuguesa Dr. Luís Sá Penella (Lisboa)

Este museu, sobre o qual a operária Liliana Duarte Pereira escreveu há algum tempo, não deixa espaço para a imaginação — no sentido em que mostra, sem pudor, tudo o que uma doença dermatológica pode provocar no corpo humano, usando moldes de cera que foram obtidos diretamente dos doentes (vivos). Para os mais sensíveis, pelo sim, pelo não, evitem visitá-lo a seguir ao almoço.

Quinta da Regaleira (Sintra) 

Tecnicamente, qualquer museu, palácio ou atração turística em Sintra tem uma história de fantasmas, ou uma lenda, ou uma prova de que o misticismo da serra é de facto muito forte. De todos, a Quinta da Regaleira é, talvez, a que mais turistas atrai o ano inteiro (o que, para muitos, pode ser considerado um verdadeiro terror. Em alternativa, visitem o Palácio Biester ali ao lado e imaginem que são o Johnny Depp no filme A Nona Porta.

NARC – Núcleo Arqueológico da Rua dos Correeiros (Lisboa)

Tendo em conta que meia Lisboa ficou soterrada pelos escombros do Grande Terramoto de 1755 (se quiserem experimentar a sensação de estar no meio desse cataclismo, deem um salto ao Quake), não há renovação ou reconstrução na capital portuguesa, na zona da Baixa Pombalina, que não dê origem a uma chamada à equipa de arqueólogos da Câmara Municipal de Lisboa (qual Indiana Jones qual quê; desculpa, tio Harrison Ford). Foi o que aconteceu na sede do Banco Millennium BCP, em 1991. Desenterraram quase 2500 anos de história da cidade, parte da qual ainda pode ser visitada na sede do banco (as visitas ao NARC são gratuitas, mas é necessário marcação), incluindo um cadáver em excelente estado de conservação. Quer dizer, para um homem de «meia-idade» (com cerca de 40 anos) do século VI.

Capela dos Ossos (Évora)

A bem dizer, é uma igreja e não um museu, mas a Capela dos Ossos em Évora é ponto de paragem obrigatória para quem ruma à cidade alentejana. Aproveitamos, no entanto, para dizer que há mais capelas dos ossos: em Lagos, em Alcantarilha, em Faro, em Monforte e em Campo Maior.

Museu Arqueológico do Carmo (Lisboa)

Se as ruínas da Igreja do Carmo já são suficientes para inspirar os fãs de terror, vai até ao fundo da igreja (sem teto) onde encontras o Museu Arqueológico. Dizem que a nave central serviu de cemitério no século XIX e que agora, provavelmente, já não há vestígios de mortos, mas fã de terror é sempre desconfiado. No museu, encontras também duas múmias pré-colombianas removidas de um cemitério Chancay, próximo da praia Ancón. (A sério? Nem depois de todos os filmes de terror a avisarem para não retirarem os mortos dos sítios sagrados?)

Museu Nacional de Arte Antiga (Lisboa)

O tempo recomendado para visitar toda a coleção em exposição permanente do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) é de quatro horas, pelo menos. Mas, para quem só tem tempo de ver os quadros «mais de terror», sugerimos O Inferno (obra portuguesa de autor desconhecido, no piso 3, sala 5), Salomé com a Cabeça de São João Baptista (de Lucas Cranach, o Velho) e Tentações de Santo Antão (de Hieronymus Bosch), ambos na sala 61 do piso 1.

Museu da Marioneta (Lisboa)

A nossa editora-chefe, que tem medo de bonecos e marionetas, jura a pés juntos que este é um dos museus mais assustadores de Lisboa. Por isso, fizemos-lhe a vontade e incluímos o Museu da Marioneta nesta lista. Que disparate. Como se os bonecos pudessem ser possuídos por demónios e espíritos e depois andassem por aí a espalhar o terror. Sobretudo quando estão fechados dentro de vitrines. Pelo sim, pelo não, visitem num dia em que esteja muita gente.