Os 10 contos mais lidos de 2023
Os dez contos mais lidos em 2023, como no ano anterior, são uma surpresa. Muitas novas vozes e um «autor repetido». Compilar esta lista é uma das nossas alturas do ano preferidas.
10
«A Costureira», de Nuno Gonçalves
«— Sãozinha, que maravilha! Assentam-me como… uma luva! — Dona Idália riu-se da sua própria piada, sem parar de admirar as novas luvas.»
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9
«Matinal», de Diana Zimbron
«As cores são mais vibrantes a esta hora. Paisagens tocadas pelos primeiros raios de sol. Tudo parece rosado e feliz.»
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8
«Predador», de Petra Fernandes
«Lá está ele! Espreita-me no escuro, pela porta do quarto.»
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7
«A Encarregada», de Sandra Henriques
«Todas as manhãs, Albertina abre o portão mesmo que não venham visitas. Varre os trilhos entre os lotes, junta as folhas caídas numa pilha ao lado do barracão e abre latas de atum para os gatos do bairro.»
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6
«Beco Seguro», de Paulo Coelho
«Era um dia, como outro qualquer, sugado pelas rotinas do quotidiano. E havia sempre aquele beco…»
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5
«A Lágrima», de Cláudia Passarinho
«As cores rastejavam por baixo dos acrílicos contornando um rosto. Não era o pintor que comandava o pincel. Tinha-o usado para juntar iguais porções de vermelho, amarelo e azul. De seguida, banhara-o num copo com água e retirara o excesso de cor das bordas, como se limpasse o açúcar dos cantos de uma boca gulosa. O incolor tornara-se baço. Na paleta, tinha o resultado da base para o tom de pele pretendido.»
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4
«A Luz», de Diogo Lopes
«A luz pisca indeterminadamente. No seu próprio aniversário. Levanto-me da cama e lembro-me da existência das minhas pernas, quão frágeis são. Falhadas. Mais nenhum adjetivo as define tão holisticamente.»
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3
«Favorito», de Ana Rita Garcia
«Este favorito era odiado por todos, e assim mantinha-se sempre próximo do chefe. Não tinha alternativa. Não lambendo botas, nem batendo couros, seria posto de parte. Primeiro, pelo chefe; depois, pelos restantes. Desta forma, mantinha-se imune. Salvo. São e salvo.»
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2
«Iniquidade», de Paula Campos
«Durante aquelas três semanas, não houve dia nem noite. Apenas a bruma da insanidade. Ou não. Caber-lhe-á a si, leitor, ser juiz e carrasco. De mim e da assassina.»
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1
«In Memoriam», de Nuno Gonçalves
«Nos dias seguintes a tê-lo perdido, continuava a senti-lo pela casa. O seu cheiro guardado na roupa por lavar, os ruídos dos seus passos, sempre demasiado apressados para o meu gosto, ainda ecoavam nas paredes, o toque morno dos seus lábios aquecia-me a testa, onde gostava de retribuir o beijo de boa noite.»
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