Não quero que este talento seja desperdiçado 

Entrevista a Pedro Lucas Martins

 

Em 2007, Pedro Lucas Martins ganhou o concurso Contos de Terror CTLX (MOTELX) com O Carrinho de Mão. Depois desta distinção, vêm outros contos publicados, sempre no género da ficção especulativa, e, em 2018, o seu romance de estreia, As Sombras de Lázaro, ganha a primeira edição do prémio António de Macedo. Mais tarde, em 2020, a mesma obra vence o Grande Prémio Adamastor da Literatura Fantástica Portuguesa por votação do público.

Além de escritor, trabalha como formador, tradutor e editor. A duas semanas de lançar o seu mais recente projeto, Sangue Novo: Uma Antologia, conversámos sobre o seu percurso até agora, o que o leva a não desistir do terror em Portugal e, sobretudo, como é lançar uma antologia de 15 contos em português de 15 autores de terror nacionais de quem (ainda) ninguém ouviu falar.

Depois de ter assumido os papéis de editor, revisor e ilustrador no Sangue Novo, conta voltar ao manuscrito inacabado do seu novo romance. Apesar de todo o trabalho que tem em mãos, ainda aceitou o desafio de assumir o papel de editor literário na Fábrica do Terror, função essa que ajuda a dar visibilidade a quem escreve bom terror em Portugal.

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Como é que começa o teu percurso como escritor de terror? O Pedro Lucas Martins já existe como escritor de terror antes de 2007, antes de ganhar o prémio?

O escritor existe, mas escreve muito para si mesmo. [E] vamos dizer que 80% do que eu escrevia era terror, mas muito pouco. E quando eu estou a dizer escrever, estou a dizer escrever durante as aulas. Tinha uma ideia e, em vez de estar a fazer os habituais desenhos nas aulas, escrevia microcontos. Não havia nada de remotamente profissional. [Participar no concurso] foi mais no sentido de me desafiar. E teve o resultado que teve. A partir daí, o que o prémio fez foi dar-me algum tipo de validação para que eu continuasse. Nunca tinha pensado em ser escritor até me dizerem «olha, tu se calhar até tens jeito para isto». Caso contrário, ficaria muito feliz a continuar a ver filmes de terror, a ler livros de terror e a ser um fã entusiasta. E não tinha passado disto.

 

Achas que o prémio veio cedo demais, por estares em início de carreira?

Vou dizer-te muito sinceramente, não. Não [foi] demasiado cedo porque, se não tivesse ganho esse prémio, não teria sentido a motivação para continuar a escrever. Então, para mim, o ter sido cedo foi a melhor coisa que podia ter acontecido. Se alguém tivesse olhado para aquilo e dissesse «gosto, mas ainda não está ao nível» ou «gostamos muito, mas não vai ser premiado», se isto tivesse acontecido [logo] no princípio, é uma coisa que desmotiva muito. E apesar de eu dizer que «a rejeição é muito normal, continuem a escrever, insistam», eu sei que, em grande probabilidade — se recebermos uma, duas, três recusas —, a certa altura, desistimos, achamos que não vale a pena, seja porque estamos a consumir tempo, seja porque começamos a pensar que o que escrevemos não é bom.

 

Vês o prémio como uma forma de validarem o que estavas a fazer.

Exatamente. Daí eu dizer que não foi cedo demais e que foi precisamente na altura certa. Foi o que me incentivou a fazer mais e o que me permitiu continuar a escrever e a crescer como escritor.

 

Os concursos literários de terror em português e as publicações do género em Portugal são raros. Contudo, é neste género que continuas a escrever e, como dizes no teu artigo para o The Portuguese Portal of Fantasy and Science Fiction, gostas da «ausência de limites criativos e temáticos» da ficção especulativa. Para ti, isso é importante como autor? Não receias não ser levado a sério por escreveres num género que parece, à partida, tão desestruturado?

Em qualquer destes momentos [ter a ideia ou começar a escrevê-la], o que eu penso em relação à receção do que estou a escrever é zero. Estou a escrever porque aquela ideia me surgiu e tenho de colocar aquilo em escrita para ver se funciona ou não. Mas nunca estou condicionado pela forma como esse texto vai ser rececionado. Não penso «as pessoas não vão perceber» ou que há este preconceito ou que isto é demasiado X ou Y. Não entra em equação. Se eu acho que há aqui uma barreira a escrever ficção especulativa… Eu sei que existe essa barreira, mas penso que ela existe por desconhecimento dos leitores que não são fãs, ou que não são leitores assíduos deste tipo de ficção. Não me parece que as pessoas pensem (mas isto é uma ideia minha) que é um tipo de literatura menor por haver esta ausência de limites e que se possa fazer tudo em termos narrativos.

Acho, no entanto, que existem noções preconcebidas que vão mais para «o terror é sangue e entranhas, e coisas muito viscerais, portanto eu não quero ver ou ler isto; são sentimentos maus dos quais eu me quero afastar». Ou que a ficção científica é muito robots e lasers no espaço, e é para nerds, e que a fantasia é para crianças. Isto, sim, acho que passa pela cabeça das pessoas. Tal como a banda desenhada, por exemplo, ser para um público juvenil ou infantil, quando sabemos que não é o caso. Mas nunca me passaria pela cabeça que tenho de me dedicar ao romance histórico para ser levado a sério. Não. Acho que estamos a partir de uma premissa errada. Eu quero escrever coisas boas e que essas coisas, ao serem lidas, sejam levadas a sério. Se isso puder validar o género ou prestigiar o género — não que eu ache que precise—, mas, se eu puder fazer isso, melhor, com as pessoas a lerem um livro meu e a perceberem [que] o terror até pode ser uma coisa bem feita, bem estruturada. Gostava de poder mudar um pouco esse paradigma.

 

Há professores que ensinam literatura de terror em escolas dos Estados Unidos, por exemplo. Vês isso a acontecer em Portugal um dia? Que as obras de terror em português cresçam de tal forma que haja mais leitores do género e que se estude os autores?

Se for muito realista, não vejo, porque acho que o caminho é longo. Acho que é possível para determinados livros. Eu sei que o meu livro, As Sombras de Lázaro, tem pelo meio descrições muito explícitas que, para o plano de leitura, serão talvez desadequadas, mas isso não quer dizer que eu não possa ter outros livros de terror que estejam perfeitamente adequados ao currículo escolar. Há a questão da censura, da Igreja, que sabemos que teve influência na literatura de terror portuguesa. Eu sei que isso faz com que haja menos autores e menos obras de terror em Portugal. Mas, neste momento, através dos filmes, dos serviços de streaming, ou o que seja, sei que isso não tem influência no público que consome terror agora, pelo menos em termos cinematográficos, em termos de séries. Vamos imaginar que um [autor como o] José Rodrigues de Santos amanhã escrevia um livro de terror, [alguém] que tem uma máquina gigante de marketing por trás, e começavam a chamá-lo «o próximo Stephen King». Eu não duvido de que ia ser um sucesso em termos de vendas. Portanto, eu sei que o público existe. O problema, neste momento, é como chegar a esse público. Temos de pôr as pessoas a ler mais [terror português]. Há pessoas que fazem o meu curso de Escrever Terror e que [chegam a mim] sem saber nada sobre o que existe em Portugal.

 

Mas tu achas que isso é  preconceito dos fãs de terror? Acharmos que o que existe em Portugal provavelmente não tem qualidade?

Não vou generalizar. Se calhar, poderão pensar que, em relação a um Stephen King ou a um Lovecraft ou a um Poe, tudo o que vão encontrar em português será menor em termos de qualidade.

 


A divulgação do terror literário português é extremamente reduzida. É nesse sentido que julgo que a Fábrica do Terror pode ajudar.


 

Ou derivativo, ou uma cópia…

Sim. Pode ser isso. Mas o que eu tenho visto, na maior parte, é desconhecimento. Não há um sítio em que eu possa ver o que está disponível em termos literários nacionais. Não está nas lojas, é muito pouco difundido. A divulgação do terror literário português é extremamente reduzida. É nesse sentido que julgo que a Fábrica do Terror pode ajudar. Faz falta um sítio de divulgação, de informação, de congregação. Há muitas pessoas a quem esta plataforma pode ser útil. Aos criadores, claro, mas também a todo um público, já fãs do género ou não, a quem se apresentará o que há e o que se faz em Portugal em termos de terror.

 

Achas que esse desconhecimento é uma barreira para não haver mais gente a escrever terror em português?

Eu sei que é um problema o facto de existirem obstáculos à publicação e à divulgação. Ou seja, se eu penso que não existe terror português, isto vai automaticamente desmotivar-me. No Sangue Novo, por exemplo, muitas destas pessoas talvez já escrevessem e gostassem de escrever terror, mas, não havendo uma avenida para escoarem os textos ou uma avenida de publicação, morria tudo na praia ou ficava tudo no anonimato. Porque não existe, na altura, um concurso, ou não existe uma editora que [se dedique] exclusivamente ao terror.

 

No Sangue Novo: Uma Antologia, estão 15 autores que nunca publicaram terror antes. Como é que tens a ideia de fazer uma antologia com 15 desconhecidos? Em que momento é que tu pensas que faz sentido fazer isto agora?

Eu consumo muitas antologias de terror internacionais, sendo as mais conhecidas os Mammoth Book of New Horror, editados pelo Stephen Jones. Adoro essas antologias porque [nelas está] mesmo o melhor do terror. Nós sabemos que, nas antologias, existem sempre contos mais fortes e contos menos fortes. Só que isto também é altamente subjetivo. O que eu considero ser um conto menos forte pode nem ser menos forte, pode ser [por não gostar] tanto [daquela] temática. Eu sei que isto acontece nas antologias, mas nestas que eu lia era difícil encontrar coisas de que eu não gostasse. E pensei que gostava de fazer algo assim. Esta foi a ideia inicial: gostava de organizar uma destas antologias para o contexto português.

 

E como é que chegas a estes 15 autores?

Contactei todos os autores que passaram pelas várias edições do curso [Escrever Terror] porque me pareceu que todos eles tinham potencial. Senti, claro, que às vezes existiam algumas discrepâncias. Há pessoas que escrevem há mais tempo e que estão num patamar diferente, mas nada do que eu vi me levou a pensar «não, esta pessoa não; esta pessoa não tem potencial absolutamente nenhum, não há aqui trabalho que valha». Alguns textos precisaram de mais trabalho, outros menos. Mas todos eram de pessoas que eu via — daqui a 1, 2 ou 5 anos — a publicarem em nome próprio, se trabalhassem para isso. Aqui, foi essencialmente pensar: «eu não quero que este talento seja desperdiçado».

 

Todos os autores então passaram pelo curso Escrever Terror?

Um não passou, o Ricardo Alfaia [que desenhou a capa da antologia e foi o responsável pela paginação e composição gráfica do livro]. Já tinha feito um curso de Escrita Criativa, já tinha feito um curso de Português e depois, como ex-aluno de Escrita Criativa, começou a participar nas oficinas Teias de Aranha. Portanto, acabou por me dar a mesma informação que me daria como se tivesse feito o curso. Mas com o Ricardo foi um bocadinho diferente. O Ricardo, de vez em quando enviava-me textos e perguntava-me o que eu achava. Um dia, enviou-me um texto que eu [adorei], [e pensei]: «isto tem de estar lá». Só que ele não gostava particularmente do texto e, aparentemente, eu tinha-o interpretado de uma forma diferente daquela que ele tinha em mente. Ainda estivemos a debater, mas eu disse-lhe: «não, isto tem de entrar».

 

Quando lhes estendeste o convite, sentiste que todos o iam aceitar porque estavam mesmo à espera desta oportunidade?

Eu punha-me um pouco no lugar deles. Se me tivessem estendido esse convite numa altura em que ainda não tinha publicado nada, eu ficaria entusiasmado em participar. Mas não foi com 100% de segurança que o fiz. Sabia que o que estava a pedir implicava que as pessoas me cedessem o texto delas e que confiassem em mim, para fazer com aquele texto uma coisa que ainda não se sabia muito bem o que seria. Portanto, é um passo no escuro para os autores também. Eu estendi o convite como se fosse uma oportunidade, tentei esclarecer ao máximo o que ia ser feito com o texto, qual era o projeto. Mas havia sempre a hipótese de haver alguém a dizer [que] não [se sentia] confiante para fazer um texto para ser publicado, [ou que] não [quisesse] ter esse tipo de exposição, ou até dizer, de forma mais diplomática, [que] preferia ceder ou submeter [o texto] a uma editora tradicional e não usá-lo para uma edição de autor, que não tem o mesmo peso. Eu estava preparado para todas estas respostas e não levaria a mal.

 

E estavas preparado para ter 100% das pessoas a dizerem-te que sim?

Eu sou uma pessoa otimista. Ou seja, eu sabia que uma antologia precisava de ter pelo menos 7 autores. Depois, se tivesse apenas 7 autores, os textos que tinham de escrever teriam de ser necessariamente mais longos. Eu precisava de ter um número mínimo de páginas para que houvesse um livro. À medida que as pessoas foram aceitando, fui contando. Depois disso, fiquei muito mais descansado. E depois, passa à fase seguinte, que é: «dessas 15 pessoas que aceitaram, quantas é que já me deram o texto?». Porque uma coisa é dizer «sim, vamos para a frente», outra coisa é concretizar, trabalhar. E eu sabia que havia quem já tivesse coisas na gaveta, que foram enviadas logo, mas havia quem fosse escrever coisas de raiz — mais complicado. Aí, foi outra vez o mesmo processo. «Das 15 pessoas que aceitaram, quantas é que me enviaram o texto? Ainda só tenho 5, isto ainda não é uma antologia. Tenho 8, mas alguns são muito pequenos, preciso de 10.» Estava sempre à espera de atingir aquela marca.

 


Eu gosto do projeto. Sei que as pessoas que estão envolvidas no projeto também gostam dele.


 

Achas que é arriscado lançares uma antologia com 15 desconhecidos e sem tema? É um risco que corres conscientemente?

Eu sei que é um risco. Qualquer lançamento é um risco nestas circunstâncias: edição de autor, autores novos, género de terror. Isto acaba por se agrupar num lançamento de risco, mas é um risco do qual eu não quero saber minimamente. É um bocadinho por aí. Eu gosto do projeto. Sei que as pessoas que estão envolvidas no projeto também gostam dele. Sei que, se não tiver boa aceitação por parte das pessoas que já são fãs, vai ser pelo menos uma coisa nova, algo que vai não só trazer algum tipo de inovação ao género do terror português como também mais volume ao número de obras que estão publicadas. Portanto, se há risco, há, mas, se me dissessem [que] esta antologia provavelmente só venderia 10% do estipulado à partida, eu fazia-a à mesma.

 

E não tens aquele receio de ter o teu nome associado a este risco de lançar uma antologia de terror português sem tema?

Nada. E não ter tema, na minha escala de preocupações, é não existente. Aqui, o tema é o género inteiro, é o que a imaginação conseguir conjurar.

 

Querias que os autores tivessem essa liberdade criativa?

Sim, porque imagina [que o autor tem] uma história magnífica, que é das melhores coisas que já li, mas que não se encaixa neste tema. Quem é que perde com isto? Toda a gente. Qual é a grande vantagem que um tema me traz em relação à outra parte da balança, que é ter uma boa história, pessoas a ficarem, por consequência, mais interessadas no livro, e ter uma obra repleta de boas histórias. Isso é que interessa.

 

E para além dos contos, o livro tem ainda 15 ilustrações tuas que não estavam planeadas, pelo menos quando tiveste a ideia inicial para organizar esta antologia.

[Acho que] ilustrações acrescentam muito a um livro. Eu, pelo menos, gosto muito de ver ilustrações num livro, e, à medida que ia lendo os contos, imaginava [qual seria] a ilustração que eu faria. Resisti muito à ideia de ilustrar o livro porque não sabia quanto tempo ia demorar na edição, quanto tempo ia demorar na revisão. Porque é que me [ia] colocar mais trabalho em cima? Porque sei que, se calhar, fazia uma ou duas, mas depois ia chegar a uma que [fosse] mais complicada [e bloqueava], porque não sou ilustrador profissional. Eu sabia que isto me ia levar tempo. Em última instância, depois, cedi ao meu impulso inicial que era: «então, [se] queres que seja o melhor trabalho possível, morde a bala».

 

E, em menos de um ano, compilaste, reviste e editaste 15 contos de terror em português, com lançamento oficial a 27 de novembro de 2021. Porque é que decidiste avançar de forma tão rápida?

Porque ter o texto ali e não trabalhar nele, para mim, é [como ter] sempre ali um fantasma, e então [tenho de ir] fazendo. Até porque eu não sabia. É a primeira vez que eu estou a fazer isto, estou a aprender com todo o processo. Não sabia quanto tempo é que me ia levar. Com as coisas que estavam dentro do meu controlo, que era fazer a revisão e a edição, queria fazê-las o mais rápido possível. Porque depois sei que poderia haver atrasos por parte dos autores. Na parte que me competia, queria ser o mais célere possível. E o que é que aconteceu? Os autores também foram cumpridores. Conseguimos agendar as coisas bastante rápido e, a certa altura, estamos muito à frente do prazo que eu poderia ter estipulado para 2022. E depois penso, juntamente com os outros autores: «isto era bom sair antes do Natal, porque potenciamos as vendas». Aí, entra a questão do marketing também. E, se eu consigo ter tudo pronto em novembro, porque não lançar em novembro?

 

Sentes que estás a abrir uma porta para antologias futuras ou aceitas se acontecer?

Por um lado, era muito bom, porque significava que o livro tinha tido muito boa aceitação, que havia o dobro ou mais do dobro das pessoas a contactarem-me, a [perceberem que] isto afinal pode acontecer, que há esta possibilidade. Essa parte ia deixar-me muito, muito feliz. Por outro lado, 2021 foi um ano em que pus todos os meus projetos em stand by para me dedicar à antologia. Assim, não estou mentalmente capaz de fazer uma edição igual a esta em 2022, a não ser que tivesse já um apoio por trás.

 

Nesta altura, não te metias sozinho numa aventura destas tão cedo.

«Tão cedo». Esse é o ponto essencial. Não ponho de parte — nem pouco mais ou menos — fazer um segundo volume do Sangue Novo, mas, em 2022, vamos colher os frutos do que foi feito em 2021, e vou conseguir avançar no que deixei parado.

 

 

 

 

Livros de Pedro Lucas Martins

As Sombras de Lázaro

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