Entrevista à realizadora Inês Monteiro
Paralisia é exibido dia 15, às 21 h 30, e dia 16, às 14 h.
«Se pudesse só escrever e realizar para sempre, era o que faria. Gosto muito de representar, e claro que, se tiver propostas boas nesta área, não vou recusar, mas realizar é mesmo aquele sonho.»
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16.50 € (com IVA)Inês Monteiro habitualmente trabalha como atriz. Em Paralisia, no entanto, desempenha novos papéis do outro lado das câmaras: o da escrita de argumento e o da realização. A sua estreia como realizadora valeu-lhe uma nomeação para o concurso de Melhor Curta de Terror Portuguesa no 17.º MOTELX, o primeiro festival onde vai exibir o filme. A paixão pela escrita é recente, mas avassaladora, de tal forma que já está a escrever o seu próximo projeto.
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Como tem sido o teu percurso até aqui?
Já fiz trabalhos como atriz e descobri esta paixão [da escrita] há pouco tempo. Durante a pandemia, comecei a escrever e a gostar muito. [Foi quando] comecei a pensar que, se calhar, queria mais realizar do que representar. Nessa altura, escrevi esta curta e tinha uma ideia tão concreta daquilo que queria passar que pensei: «para passar isto a alguém, como é que vai ficar aquilo que tenho em mente?». Então, estudei alguns módulos de realização, conversei com alguns amigos realizadores que me deram muitas dicas e acho que descobri a minha paixão.
No futuro, vês-te mais na representação ou na realização?
Se pudesse só escrever e realizar para sempre, era o que faria. [risos] Gosto muito de representar, e claro que, se tiver propostas boas nesta área, não vou recusar, mas realizar é mesmo aquele sonho.
Estavas à espera de o teu filme ser selecionado para o MOTELX? Como foi essa sensação de ter um filme a concurso num festival de terror?
Ouvi falar pela primeira vez do MOTELX quando me mudei [do Norte] para Lisboa. Desde aí que comecei a frequentar o festival e fiquei fã. Quando comecei a escrever este filme, pensei que encaixava perfeitamente no MOTELX e tive a sorte de ter um produtor que acreditou em mim, no meu projeto e no guião, e que fez as coisas acontecerem. Quando ele me disse que tínhamos sido selecionados, foi uma sensação incrível.
A seleção tem sido sempre muito heterogénea, com técnicas e temas muito diferentes, o que é muito bom para mostrar a diversidade do cinema de género português. És fã de terror?
Pelo que vi, acho que está muito boa a seleção e estou muito curiosa para ver os outros filmes em competição. Sim, via muitos filmes de terror quando era mais miúda. Depois, perdi um bocadinho essa rotina.
O que é que nos podes contar do Paralisia sem dar spoilers?
Não posso contar muito, porque a história é muito simples e é uma curta curta. É sobre uma rapariga que passa por um episódio de paralisia do sono, depois de sair [à noite] com o namorado. Quis falar sobre isso porque já tive muitas vezes paralisia do sono e é muito frustrante. [O filme] mostra esta paralisia, que acaba por ser uma mistura de pesadelo com realidade. E não posso contar mais nada. [risos]
Que expectativas tens para esta edição do festival, agora como realizadora e não apenas como fã?
Tenho pena de estar a trabalhar no dia do Warm-Up, quando vão passar Os Pássaros, do Hitchcock. Tenho algumas referências ao realizador na minha curta, posso avançar alguns pormenores: um desenho na parede do quarto dela e um rapaz a dançar na pista com uma t-shirt que, nas costas, tem o nome Breakdown. É o título de um episódio do Hitchcock Apresenta em que a personagem principal está paralisada o episódio todo. Expectativas [sobre a competição] não sei. Só o facto de a curta ter sido selecionada já é uma vitória gigante. Estou muito curiosa.
Vais estar com o filme em mais festivais?
Sim, o MOTELX vai ser o primeiro. E vamos fazer o circuito dos festivais, sobretudo de cinema de género.
Em que projetos estás a trabalhar agora, que nos possas revelar?
Neste momento, estou a escrever uma série que espero conseguir concretizar muito em breve. Posso dizer que é muito diferente deste filme, não é de terror. A minha intenção é abrir mentalidades e é um projeto em que já estou a trabalhar há algum tempo.
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Sandra Henriques
Escritora de conteúdos digitais e autora de livros de viagens, Sandra Henriques estreou-se na ficção em 2021, ano em que ganhou o prémio europeu no concurso de microcontos da EACWP com «A Encarregada», uma história de terror contada em 100 palavras. Integrou as antologias «Sangue Novo» (2021), com o conto «Praga», e «Sangue» (2022), com o conto «Equilíbrio». Em março de 2022, cofundou a Fábrica do Terror, onde desempenha a função de editora-chefe.